Sonhos de Uma Criança em Itararé
Eu era o menino
Que sonhava incendiar barcos de
papel de pão
Assumir a bússola, o sextante, o timão
E com a nave louca
desgovernada
Ganhar o corrimão da enxurrada...
Eu era o guri
Que olhando o céu de Itararé tão
infinito
Ainda assim fazia pito-carito
Pois eu tinha um sonho altaneiro,
bonito
De ser poeta, vencer, ter floração
Muito além daquela
constelação
Eu era um piá
Em Itararé – a beira do Paraná
Que
tinha loucas ilusões, fantasias...
Em deixar a terra-mãe onde canta a
sabiá
E todas as minhas conquistas e vitórias teria
Vivendo de cervejas,
de serestas e de poesia...
Mas veio a baldeação da florada da vida
O curumim
sentindo fome e a alma dividida
Garrou o mundo em busca de diploma,
arco-íris, anel
Mas sofrido descobriu-se um dia de luta descabida
Que
ainda é só aquele pobre menino do barco de papel
E o incêndio é a saudade de
uma distante Itararé querida!
Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br
sábado, 26 de maio de 2012
CHOVE
CHOVE...CHOVE...CHOVE...
NOS CAMPOS DA MINHA TERRA
ASSIM DO ALTO
CONSIGO AVISTAR OS MONTES MAIS LONGES
VERDES...VERDINHOS
CHOVE...CHOVE...CHOVE...
E OS PINGOS ...
AS GOTAS CAEM SOBRE OS CAMPOS VERDES
A VIDA FICA MAIS INTENSA
A ALEGRIA MAIS COLORIDA
O DIA MAIS CLARO
MAIS ILUMINADO
CHOVE...CHOVE...
NOS CAMPOS QUE VEJO DE MINHA JANELA
NOS CAMPOS VERDES DE MINHA TERRA
O JÕAO-DE-BARRO
EM SUA CASINHA NO ALTO DA ÁRVORE
CANTA...CANTA...
SAÚDA A CHUVA
E...CANTA
ENCANTA
EMOCIONA
TODO O CAMPO VERDE
QUE VEJO DE MIONHA JANELA
TUDO É LÚZ
TUDO É ALEGRIA
TUDO É VIDA.
elizabeth rodrigues
Soneto de Corifeu
(da peça Orfeu da Conceição)
São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher
Uma mulher que é feita de música
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeita
Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.
( Vinícius de Moraes )
domingo, 6 de maio de 2012
ÉRAMOS QUATRO NUM QUARTO
Éramos quatro num quarto:
Guta ,Paulo ,Erasmo e eu ;
quarteto de alegres sonhos,
até que Erasmo morreu.
Paulo era forte e bonito,
mais forte que Guta e eu ;
sôbre êle também a morte ,
como um raio se abateu.
Ficamos dois : eu e Guta -
outros vivem mar além -
mas o certo é que conosco
veio morar mais alguém.
Veio morar a saudade,
que só nos falou depois :
que éramos quatro num quarto,
mas agora somos dois !
gióia junior
Éramos quatro num quarto:
Guta ,Paulo ,Erasmo e eu ;
quarteto de alegres sonhos,
até que Erasmo morreu.
Paulo era forte e bonito,
mais forte que Guta e eu ;
sôbre êle também a morte ,
como um raio se abateu.
Ficamos dois : eu e Guta -
outros vivem mar além -
mas o certo é que conosco
veio morar mais alguém.
Veio morar a saudade,
que só nos falou depois :
que éramos quatro num quarto,
mas agora somos dois !
gióia junior
Assinar:
Postagens (Atom)